sábado, 29 de dezembro de 2012

Caros leitores,

Venho comunicar sobre a publicação da Antologia “Lira da Morte” em versão impressa e também e-book.

Esta antologia reúne sonetos de poetas contemporâneos, porém com estilo clássico, inspirados pelos grandes poetas de outrora.

Com uma atmosfera melancólica e sombria, os versos que compõem tal obra vão desde declarações líricas à beleza morta e ao encanto noturno, até profundas reflexões sobre a morte, a solidão e a dor da existência.

São no total 57 sonetos, de 14 autores, sendo a maioria jovens, cada um com a sua singularidade, mas todos com o objetivo de jamais deixar morrer a verdadeira poesia.

Os ilustres poetas que compõe esta obra são:

Alysson Rosa
Arão Filho
Derek Soares Castro
Felipe Valle
Gabriel Rübinger
Ivan Eugênio da Cunha
Matheus de Souza
Maurilo Rezende
Nestório da Santa Cruz
Quintiniano
Renan Tempest
Rommel Werneck
Rosany Vieira
Sérgio Carvalho

Quem quiser obter o livro basta acessar o site Clube de Autores, ou o link:


Obrigado.



quarta-feira, 12 de dezembro de 2012


Mocidade e Senescência
              
Bateu-me à porta a prévia vetustez,
Quando me havia ainda mocidade;
Vi se enrugar em súbita acuidade
O celular vigor da minha tez.

Das minhas mãos, que outrora em avidez
Gozavam a fartar jovialidade,
Caíram no tremor da minha idade
Lançadas no torpor da languidez;

E os meus ouvidos dantes tão precisos...
E os lábios meus ornados pelos risos...
Tudo se foi... Assim já se conclui!...

Somente os olhos meus não se fanaram,
Pois, na retina — trágicos — guardaram
Essas visões remotas do que eu fui.

Derek S. Castro
12 de Dezembro de 2012

quarta-feira, 17 de outubro de 2012


(Cemitério São Sebastião - Rosário do Sul - Foto por Derek S. Castro)

Nossas Lembranças...

                                                                   "Is it asking too much to be given time"
                                                                  (Stars "Dubstar Cover" - Lacuna Coil)


Em nossas velhas tardes outonais
Dentre estes mesmos pétreos monumentos,
Recordo-me os instantes tão cordiais, 
E a mocidade em nossos juramentos.

Dos túmulos, nas vias sepulcrais
Veladas de áureos mantos sonolentos,
Ouço hoje a fio, os passos teus, fatais,
No som dos teus coturnos temulentos...

E pelas tumulares lájeas, quando
Os olhos teus me surgem refletidos
Num olhar que se vai aprofundando;

Têm-me no cerne as dores mais queridas,
— Memórias eternais de tempos idos.
— Lembranças imortais de nossas vidas.


Derek S. Castro
15 de Outubro de 2012

sexta-feira, 11 de maio de 2012


Funeral de Chuva

Dia brumal de negra tempestade,
Cúmulos, ecos, tristes ressonâncias...
A chuva geme em flentes dissonâncias,
Gemendo a soluçar, minha saudade...

Penumbras, sombras, turva claridade...
Pela janela, em minhas vigilâncias,
Vejo a passar nas lívidas distâncias
O préstito da minha mocidade...

Memórias e mortalhas que me envolvem...
Meus dias langorosos se dissolvem
Em brumas e fumaças e torpor...

Sombra de chuva, sombra fria e nua,
A chuva passa em préstito na rua,
Gemendo a soluçar a minha dor...

Derek S. Castro
26/27 de Abril de 2012

domingo, 1 de abril de 2012

Visões da Meia-Noite


Nessas ermas alturas tão sombrosas
Vaga a lua soturna que me encanta,
Tal se fosse o cadáver de uma santa
Envolvido por brumas lutuosas.

Nessas noites de trevas suspirosas,
A minh'alma — extasiada — se levanta,
Para olhar essa lua que abrilhanta,
Transmutando-se em formas curiosas.

E parece um errante cisne branco...
Embalado, perdido sobre o flanco,
Pelas águas de um lago; tão sem norte...

Vaga a lua... Tristonha senhorita!
Qual um olho envolvente que me fita,
O olho imenso e fatídico da morte!

Derek S. Castro
11 de janeiro de 2012

* Versos decassílabos no ritmo Martelo Agalopado (3ª, 6ª e 10ª).

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012


Réquiem d'Outono

Dos galhos, desprendidas pelos ventos
Caem as mortas folhas pelo chão,
Esparsas aos beirais dos calçamentos,
Em um farfalhejar de solidão...

Dos campanários soam os mementos,
— Sinos a badalar em oração —
Em ressonâncias pelos firmamentos
A cadenciarem tal composição.

Nas curvas desses arcos ogivais,
Mussitam os badalos ancestrais
Dos sinos encerrando mais um dia...

E vejo os secos galhos se entrezando
Em devoção, e as árvores rezando,
A prece divinal d'Ave-Maria!

Derek S. Castro
Janeiro de 2012

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012


Memória Cemiterial

Lembras inda das tardes — Amor —
No silêncio, na paz dum jazigo?
Se tu não lembras, disto que eu digo,
Os jazigos, sim, lembram com dor.

Lembras inda do fúnebre alvor,
Duma lousa dum mármore antigo?
E também que trazias contigo
Algum livro d'algum triste autor?

Dos coturnos, metais, e fivelas,
Maquilagens chorosas, tão belas!
Ah, quiçá tu já nem lembres mais...

Não importa se tu não lembrares,
Pois as campas finais, tumulares,
Olvidar, elas não vão! Jamais!

Derek Soares Castro

* Versos Eneassílabos em Gregoriano Anapéstico (3ª, 6ª e 9ª).