quarta-feira, 25 de janeiro de 2012


Réquiem d'Outono

Dos galhos, desprendidas pelos ventos
Caem as mortas folhas pelo chão,
Esparsas aos beirais dos calçamentos,
Em um farfalhejar de solidão...

Dos campanários soam os mementos,
— Sinos a badalar em oração —
Em ressonâncias pelos firmamentos
A cadenciarem tal composição.

Nas curvas desses arcos ogivais,
Mussitam os badalos ancestrais
Dos sinos encerrando mais um dia...

E vejo os secos galhos se entrezando
Em devoção, e as árvores rezando,
A prece divinal d'Ave-Maria!

Derek S. Castro
Janeiro de 2012

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012


Memória Cemiterial

Lembras inda das tardes — Amor —
No silêncio, na paz dum jazigo?
Se tu não lembras, disto que eu digo,
Os jazigos, sim, lembram com dor.

Lembras inda do fúnebre alvor,
Duma lousa dum mármore antigo?
E também que trazias contigo
Algum livro d'algum triste autor?

Dos coturnos, metais, e fivelas,
Maquilagens chorosas, tão belas!
Ah, quiçá tu já nem lembres mais...

Não importa se tu não lembrares,
Pois as campas finais, tumulares,
Olvidar, elas não vão! Jamais!

Derek Soares Castro

* Versos Eneassílabos em Gregoriano Anapéstico (3ª, 6ª e 9ª).